A metodologia Agile aplica-se no campo da gestão de projetos (project management) – um conjunto de práticas e competências utilizadas para planear, executar, monitorar e controlar os projetos de uma organização. Ou seja, a gestão de projetos inclui tudo o que é feito para levar a bom porto um projeto. E a metodologia Agile pode ser usada precisamente neste processo, pois trata-se de uma abordagem iterativa de gestão, mas também de desenvolvimento de software, que ajuda a potenciar todo o trabalho de uma forma “ágil” (agile, como o próprio nome indica).
Foi no início dos anos 2000 que um grupo de quase duas dezenas de programadores pensou na melhor forma de potenciar a entrega de desenvolvimento de software. Porquê? Porque o que acontecia até então é que se levava tanto tempo a concluir projectos de software que, mal geridos, acabavam por ter resultados insatisfatórios, deitando por terra anos de trabalho. Então, reunidos nas montanhas do Utah, EUA, estes 17 pioneiros do software – que trabalhavam com processos e programas diferentes – compreenderam que havia pontos em comum na forma como podiam trabalhar. Por isso, decidiram redigir um documento que serviria de protesto, mas também de convite à mudança na gestão de projetos.
Estes programadores começaram por procurar um nome que expressasse o significado daquele movimento. A palavra “leve” ainda esteve em cima da mesa, mas acabou por ganhar “ágil” pois era a que melhor traduzia o objectivo a que se propunham – o de agilizar os processos na gestão de projectos. De seguida, escreveram um manifesto com os princípios, deixando claro o que é, e o que não é “ágil”. Os valores definidos no manifesto acabaram por ser adoptados também na gestão de projectos. Ou seja, as ferramentas do Agile podem ser aplicadas quer em projectos tradicionais como digitais e tecnológicos.
Para este grupo, mais importante do que os processos e as ferramentas são os indivíduos e a iteracção (assim se chama na programação ao processo de repetição de uma ou mais acções). Uma vez que o desenvolvimento de software é uma actividade humana, a qualidade da comunicação entre as pessoas potencia a resolução de problemas, defendem. Por isso, apesar de os processos e as ferramentas serem importantes, devem ser simples e úteis.
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O segundo ponto do manifesto refere que mais do que a documentação abrangente, é importante o projecto funcionar. Ou seja, o sucesso de uma equipa traduz-se num trabalho bem feito, neste caso, no aplicação prática do trabalho que foi desenvolvido. Portanto, apesar de a documentação ser importante e trazer valor ao projecto, o que o cliente quer é ver o resultado final.
A terceira premissa é que mais do que a negociação dos contratos, o importante é a colaboração do cliente. Aqui, a palavra-chave é mesmo “colaboração”. As equipas devem trabalhar em conjunto com o cliente, naquela lógica conhecida e que o escritor francês Alexandre Dumas tão bem resumiu no lema de Os Três Mosqueteiros, “um por todos e todos por um”. Afinal, as decisões devem ser tomadas em equipa, tornando-se nesta num só corpo à procura de um único objectivo: o sucesso do produto.
E, por fim, o quarto ponto do acordo é responder às mudanças, mais do que seguir um plano. Quem desenvolve software e produtos sabe que o ambiente é de incerteza e de constante mudança – o que o consumidor procura hoje pode ser satisfeito por outro concorrente ou pode, simplesmente, deixar de ter interesse de um momento para o outro. Por isso, é pouco exequível que uma equipa esteja debruçada sobre projectos demasiado ambiciosos e cheios de premissas. Em vez disso, a quarta proposta do Agile Manifesto é que as equipas aprendam com as informações e reacções que recebem, de modo a poderem adaptar o plano a qualquer altura, para conseguir responder rapidamente à procura.
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Em resumo, o que o manifesto defende é que uma equipa, a partir da metodologia Agile, responda rapidamente à mudança ou a sugestões. Assim, a sua função é a de entrega de trabalho em pequenos incrementos e tudo o que vai sendo feito é avaliado em permanência, para que a resposta rápida e eficiente se mantenha, de maneira a entregar valor aos clientes. Por norma, as equipas que assim trabalham são mais produtivas, assim como apresentam resultados com maior qualidade, lançando de maneira célere e dinâmica mais e melhores produtos.
Actualmente, existe uma minoria de empresas que não aplicam esta prática no desenvolvimento dos seus projectos. Na apresentação da pós-graduação Agile Project Management, a Nova School of Science & Technology sublinha como esta abordagem revolucionou a gestão de projectos tradicionais ou digitais e tecnológicos porque, além da motivação das equipas e do trabalho apresentado, existe uma optimização dos recursos.
A Pós-Graduação em Agile Project Management, desenvolvida numa parceria com a Scopphu, uma consultora especializada em formação, mentoria, consultoria e agile people, tem como objectivo a partilha de conhecimentos das diversas práticas e ferramentas do Agile, a pensar em executivos, gestores de projecto, analistas de negócios, administradores de bases de dados, arquitectos de soluções e arquitectos empresariais, assim como project managers e team leaders.
Ana Rodrigo Gonçalves Head of Innovation for Corporate Development
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