Criada no início dos anos 1990, pelos investigadores norte-americanos Stuart Haber e W. Scott Stornetta, a tecnologia Blockchain só ganhou importância quando foi posta em prática com o lançamento da Bitcoin no início de 2009. O Blockchain é um banco de dados que armazena informações em blocos (daí o nome “block”), em formato digital e que é compartilhado entre uma rede de computadores. Esta tecnologia é conhecida pelo seu papel fundamental em sistemas de criptomoedas, mas não só.
A inovação que a tecnologia Blockchain trouxe ao mercado das transacções é que garante a fidelidade e segurança de um registo de dados, logo, gera confiança porque uma vez introduzido o dado, esse não pode ser alterado.
Além das criptomoedas, há uma série de tendências nesta área financeira e de investimento, como as DeFi, NFT’s, DAO’s e Metaverso. Começando pela primeira, DeFI é a sigla em língua inglesa para “Decentralized Finance”. Trata-se de uma tecnologia financeira baseada em registos seguros, semelhantes aos usados com a criptomoeda, e que permite ao consumidor ter, por exemplo, o seu dinheiro numa carteira digital, em vez de estar no banco ou noutra empresa financeira (a chamada Centralized Finance), onde seriam cobradas taxas por esses serviços. Assim, basta ter uma ligação à Internet para poder usar esses bens, que podem ser transferidos em segundos.
Em termos práticos, o que acontece é que não há intermediários. Por exemplo, quando pagamos uma compra de supermercado com o tradicional cartão, a cobrança vai do retalhista para o banco, que encaminha os dados do cartão para a rede de cartões, e esta depois reenvia para o retalhista. Em todo este processo, cada uma das entidades recebe um pagamento pelo seu serviço. No caso das DeFi não há intervenção de terceiros. Contudo, isso significa que não há anonimato e que as transacções, embora não tenham o nosso nome, podem ser rastreáveis, tal como acontece com a criptomoeda, e que podem ser seguidas por entidades como governos ou outras que existam para proteger os interesses de financeiros dos cidadãos.
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Outra tendência são as NFT’s, a sigla em inglês para “Non Fungible Token”. Um token, em português é uma “ficha”, daquelas dos casinos, ou seja é um objecto a que é atribuído um valor. No mundo da tecnologia Blockchain, o tal arquivo de transações digitais, os NFT’s são unidades de dados digitais únicas que estão alojadas nesse arquivo e que são a representação digital de um activo, seja dinheiro, um investimento ou uma propriedade. Portanto, quem possui NFT’s é dono de algo e tem um certificado digital sobre essa coisa “não fungível”, ou seja, o seu valor não pode ser substituído por outro e é único.
Os NFT’s tem sido muito usados na arte, na compra de quadros, de músicas, de capas de discos ou outros. Por exemplo, um artista cria um trabalho digital – sublinhe-se que não precisa de ser físico – e vende-o, sem precisar de recorrer a terceiros, como um marchand. Actualmente, há trabalhos que atingem valores impressionantes. O comprador é dono da titularidade da versão original desse trabalho.
DAO’s é um novo tipo de organização autónoma e descentralizada, como revela o desdobramento da sigla: “Decentralized autonomous organizations”. A proposta é que possa ser utilizada sem qualquer intervenção humana, mas antes disso, vamos perceber como funciona. Mais uma vez, a base tecnológica para criar este tipo de organizações é a Blockchain porque permite uma distribuição segura e transparente dos dados, o que pode extravasar as relações humanas e evoluir para relações tecnológicas.
“The DAO” foi a primeira experiência prática de uma organização que conseguiu angariar 150 milhões de dólares num crowdfunding para investir em capital de risco. Para isso, as pessoas organizaram-se, em todo o mundo, sem precisarem de se conhecer (o que implica uma relação de confiança só possível graças à Blockchain, uma vez que se confia no código, a tal relação tecnológica, e não nas pessoas envolvidas). A ideia é que esse código seja totalmente transparente e seguro para todos os envolvidos. Contudo, no caso desta primeira experiência, feita em 2016, o código era frágil, foi pirateado e foram roubados 50 milhões de dólares. Mas actualmente, o DAO voltou a ganhar força e está a ser usado para investimentos, empréstimos, acções de solidariedade ou compra de NFT’s, sem a intervenção de terceiros.
Há um ano, na Web Summit, a palavra “metaverso” foi das mais ouvidas, tudo porque o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, decidiu mudar o nome à empresa para Meta. Mas o metaverso não é novo e é um termo usado para falar da convergência de mundos físicos, virtuais e de realidade aumentada que já existam ou que possam vir a ser criados. O termo tem origem na junção da palavra “meta”, que significa “transcendente”, e “verso” de “universo”. A palavra foi criada pelo autor norte-americano de ficção científica Neal Stephenson, em 1992, para descrever um mundo virtual, com avatares e uma mistura com o mundo real.
Em termos práticos, o grande potencial do metaverso é a capacidade de, por exemplo, os profissionais de uma determinada área, poderem juntar-se no mundo virtual para trabalharem em conjunto e o produto que criarem poder ser replicado no mundo real. Outra das aplicações do metaverso é precisamente na área das transacções, a possibilidade de as empresas venderem os seus produtos num mundo virtual.
Face à importância que estas tendências têm ganhado e o seu impacto, presente e futuro, na economia global, no mundo dos negócios e da sociedade em geral, a Nova School of Science & Technology criou um Programa para Executivos intitulado Crypto and the Blockchain Revolution com o objetivo de abrir as portas deste novo mundo aos participantes deste programa.
Saiba mais sobre o Programa Crypto and the Blockchain Revolution
Este programa foi construído para fornecer aos participantes um conjunto simplificado de fundamentos teóricos e práticos para ajudar a entender o impacto económico e social das tecnologias Blockchain.
Entre no mundo das Crypto e descubra como a tecnologia Blockchain está a agitar as finanças globais, negócios e comunidades sociais.
Ana Rodrigo Gonçalves Head of Innovation for Corporate Development
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