A impressão 3D, um conceito que existe desde a década de 1940 mas que só começou a ser implementado nos últimos 50 anos, permite produzir objectos ao adicionar material em camadas que correspondem a um modelo a três dimensões.
A ideia nasceu na literatura de ficção científica, num conto do autor norte-americano Murray Leinster (1896-1975), onde o escritor descrevia um processo em que plástico saía de um braço móvel, que desenhava no ar e o material ia endurecendo, formando o objecto desejado.
Da ficção científica à realidade, na década de 1970, o processo foi patenteado com o nome Liquid Metal Recorder por Johannes F. Gottwald, em Alexandria, Virginia, EUA. O objectivo deste dispositivo era, a partir de gotículas de metal líquido, criar um padrão que, depois de seco, se transformaria num objecto de metal sólido. Uma década depois, o japonês Hideo Kodama, de Nagoya, patentou um sistema de prototipagem recorrendo a plástico líquido que endurece quando exposto à luz.
E assim, tal como imaginara Murray Leinster, o plástico tornou-se num dos materiais mais utilizado para fazer este tipo de impressões. No entanto, há outros materiais que podem ser usados, como ligas de metais, cimento e até tecido vivo. Toda esta panóplia permite compreender os benefícios desta invenção para áreas tão diversas como o design, a arquitectura ou a construção, passando pela eletrónica ou a indústria aeroespacial, mas também noutros sectores como o da saúde.
Neste campo e uma vez que se trata de uma tecnologia que está em constante evolução, a impressão 3D pode produzir modelos e peças como protótipos de dispositivos médicos personalizados, logo, adequados a cada caso. Se, no início, a impressão 3D na área da saúde permitia criar modelos, por exemplo, de membros prostéticos, com o passar do tempo e a utilização de células e tecidos humanos, a chamada bio impressão 3D passou a ser usada na medicina regenerativa e na engenharia de tecidos.
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Mas, antes de chegar à “bio impressão 3D”, no início, a impressão 3D com recurso a materiais como o plástico começou por ser usada, na década de 1990, para fazer implantes dentários e próteses personalizadas. Só por volta de 2008, foi possível produzir a primeira perna prostética recorrendo a este tipo de impressão. Uns anos depois, foi impressa a primeira mandíbula.
Atualmente, quando se fala de impressão 3D aplicada à área da saúde, não se fala apenas de implantes dentários ou de membros prostéticos, fala-se também da criação de órgãos. Numa altura em que se sente a falta destes nos hospitais, uma vez que as pessoas vivem cada vez mais tempo, havendo, por isso, uma escassez de cadáveres e de órgãos saudáveis que possam ser usados, a “bio impressão 3D” (que não usa plásticos nem ligas de metal, mas tecidos vivos), possibilita criar órgãos como fígados e rins perfeitamente adequados a cada doente.
Por todo o mundo, existem hospitais universitários que recorrem a réplicas reproduzidas em 3D para que os seus alunos, os futuros médicos, possam treinar antes de terem um contacto com a realidade. Mas estas podem ser usadas também pelos cirurgiões. Por exemplo, ao introduzir a impressão 3D no planeamento cirúrgico e ao treinar a cirurgia num modelo impresso em 3D, antes do procedimento num doente real, permite aos médicos reduzir as complicações que podem advir da intervenção, bem como melhorar as taxas de sucesso da cirurgia, sem esquecer o tempo que o doente pode passar na mesa de operações, que será seguramente mais reduzido, assim como o tempo de recuperação.
Por exemplo, se antes de uma intervenção, o cirurgião tiver um modelo 3D da aorta de um doente, isso permitir-lhe-á escolher uma válvula que encaixe perfeitamente, minimizando os riscos. O mesmo é válido para outras cirurgias, uma vez que a visualização da anatomia humana em 3D permite fazer um modelo impresso, personalizando assim os cuidados de saúde para cada doente.
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A impressão 3D pode ainda ser usada para fabricar produtos farmacêuticos de precisão e personalizados. Portanto, no campo dos cuidados de saúde, a impressão 3D tem um enorme potencial não só de desenvolvimento como de melhoramento da qualidade de vida dos doentes, uma vez que esta tecnologia permite converter informação digital em objectos físicos.
A Nova School of Science & Tecnology, numa parceria entre a Nova Medical School e o FCT FabLab, e com o apoio da FAN3D (empresa especializada em impressão 3D/manufactura aditiva), propõe um curso de 32 horas, entre aulas teóricas e práticas, de “Impressão 3D para a Saúde: do problema à solução”, a pensar não só em cirurgiões, mas numa série de profissões ligadas à saúde, de fisiatras a reumatologistas e ortopedistas, passando por engenheiros biomédicos. Este curso destina-se a quem quer melhorar a sua prática clínica e desenvolver competências na área do design e prototipagem rápida, focados na impressão 3D. O objectivo é que as aprendizagens possam ser aplicadas em diferentes áreas da saúde, nomeadamente reabilitação, reumatologia, ortopedia, cirurgia e no ensino.
No final, os participantes obtêm o Certificado de Aptidão de Competências Introdutórias ao Fabrico Aditivo pelo International Additive Manufacturin Qualification System (IAMQS).
Se tiver alguma questão relacionada com este ou outro programa, não hesite em contactar-nos.
Ana Rodrigo Gonçalves Head of Innovation for Corporate Development
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